VOCÊ SABE O QUE É ENDOMETRIOSE?

A endometriose é uma doença ginecológica conhecida desde o século XVII. Trata-se de uma doença caracterizada pela presença do endométrio (tecido que reveste o interior do útero) fora da cavidade uterina, ou seja, em outras regiões da pelve, como peritônio, ovários, intestino, bexiga.

Atualmente, a endometriose pode ser considerada um problema de saúde pública, tanto por seu impacto negativo na saúde física e psicológica da mulher quanto por questões socioeconômicas.

Dados da literatura mostram que esta doença afeta entre 5% e 10% da população feminina em idade reprodutiva. Apesar de poucos dados no Brasil, vale destacar que em torno de 5 milhões de mulheres no Brasil são afetadas por endometriose. Na minha opinião, acredito que a endometriose é uma das principais doenças que mais causa repercussão na saúde da mulher, perdendo apenas para o Câncer de Mama.

SINTOMAS DA ENDOMETRIOSE

  • Cólica menstrual de forte intensidade. É o principal sintoma relacionado a doença.
  • Dor durante a relação sexual
  • Dor pré-menstrual, chegando a acontecer uma ou duas semanas antes da menstruação, acometendo o abdômen,
  • Dor pélvica com características diversas: como desconforto, dor pulsante e aguda, que podem piorar com o passar do tempo,
  • Alterações urinárias e intestinais: dor ao urinar, infecção de urina de repetição, dor em pontada anal, sangramento nas fezes, dificuldade de evacuar no período menstrual
  • Dificuldade para engravidar (infertilidade)

 

DIAGNÓSTICO

Diante da suspeita, a consulta com o ginecologista associado a um exame físico direcionado é o primeiro passo para o diagnóstico. A confirmação pode ser realizada por exames laboratoriais e de imagem como ultrassom endovaginal com preparo intestinal; ressonância nuclear magnética e um exame de sangue chamado CA-125, que se altera nos casos mais avançados da doença.

 

TRATAMENTO

A endometriose merece acompanhamento durante toda a  vida reprodutiva da mulher, momento no qual a doença manifesta seus principais sintomas. O tratamento deve ser direcionado para as queixas da paciente, assim como para a localização e extensão da doença..

O tratamento clínico é eficaz no controle da dor  e deve ser o tratamento de escolha na ausência de indicações absolutas para cirurgia. O seguimento deve ser realizado por equipe multidisciplinar com terapia medicamentosa hormonal e analgésica, quando necessário, e terapias complementares como atividade física, fisioterapia, acupuntura, nutricionista e psicologia, conforme as indicações  para cada paciente. O principal objetivo do tratamento clínico é o alívio da dor e a melhora da qualidade de vida, não se esperando diminuição das lesões ou cura da doença, mas, sim, o controle do quadro clínico.

O tratamento cirúrgico deve ser oferecido às pacientes em que o tratamento clínico foi  ineficaz ou contraindicado por alguma razão.  As indicações absolutas de cirurgia são: dor sem melhora com tratamento medicamentoso, infertilidade, lesão de algum órgão com perda importante da função, como obstrução intestinal maior ou igual a 50%, perda da função dos rins, gerando hidronefrose (aumento do tamanho dos rins) ou dilatação do ureter, dentre outros quadros.

O objetivo da cirurgia é a remoção completa de todos os focos de endometriose, restaurando a anatomia e preservando a função reprodutiva. A cirurgia deve ter o objetivo de ser única e se necessário realizada com equipe multidisciplinar (ginecologista, proctologista, urologista). O procedimento pode ser realizado por laparoscopia, cirurgia robótica ou laparotomia‑ no entanto, há preferência pela laparoscopia e cirurgia robótica, pois permite melhor visualização das lesões endometrióticas, melhor acesso a alguns pontos da pelve, assim como melhor recuperação da paciente.

 

ENDOMETRIOSE E INFERTILIDADE

Existe grande associação entre endometriose e infertilidade, e alguns estudos mostram que entre 25% e 50% das mulheres inférteis são portadoras de endometriose e que 30% a 50% das mulheres com endometriose apresentam infertilidade (Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine, 2012).

Diversos mecanismos têm sido propostos para a correlação da endometriose com a infertilidade, porém a literatura ainda carece de evidências consistentes que comprovam essa associação. Uma das explicações remete à presença de aderências e distorções anatômicas geradas pela endometriose; alterações no fluido peritoneal, gerando um processo inflamatório e  alteração imunológica no endométrio, com aumento de linfócitos, IgG e IgA, o que poderia comprometer a fertilidade (Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine, 2012).

 

LEMBRETE:

Não imagine que a cólica menstrual é um sintoma natural na vida da mulher. Procure o ginecologista e descreva o que sente para ele orientar o tratamento. É fundamental realizar os exames para identificar o problema  de forma precoce e dar inicio ao tratamento, antes de começar a sofrer com os sintomas e alterar toda a qualidade de vida.